ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE AZALÉIA Rhododendron indicum:
CULTIVAR TERRA NOVA TRATADAS COM ÁCIDO INDOLBUTÍRICO,
COM O USO OU NÃO DE FIXADOR
Elisabete Domingues Salvador1
Sidney Osmar Jadoski1
Juliano Tadeu Vilela Resende1
RESUMO
O experimento teve como objetivo avaliar o enraizamento de estacas de
Azaléia – cultivar Terra Nova – tratadas com ácido indol-butírico, com o uso
ou não de gelatina como fixador. Foram avaliados os tratamentos 1,5 g AIB/
L; 1,5 g AIB/L e fixador; 2,0 g AIB/L; 2,0 g AIB/L e fixador; 2,5 g AIB/L;
2,5 g AIB/L e fixador. Não foram detectadas diferenças significativas para
doses de ácido indol-butírico e uso ou não de fixador para as características
de enraizamento avaliadas.
Palavras-chave: azaléia; enraizamento; ácido indol-butírico
ABSTRACT
The experiment had as objective to evaluate the process of root development
of cuttings of “Azalea Cultivar Terra Nova” treated with indol butyric acid
with and without the use of gelatin as fixative. It was evaluated the treatments
with 1,5 g IBA/L; with 1,5 g IBA/L and the fixative; with 2,0 g IBA/L; with
2,0 g IBA/L and the fixative; with 2,5 g IBA/L; with 2,5 g IBA/L and the
fixative. It was not detected significant differences for the doses of indol butyric
acid with or without the use of gelatin as fixative in the characteristics of the
process of root development evaluated.
Key words: azalea; the process of root development; indol butyric acid
1 Docentes do Departamento de Agronomia da UNICENTRO. Rua Simeão C. Varela de Sá, 03
Ambiência Guarapuava, PR v.1 n.1 p. 21-24 jan./jun. 2005 ISSN 1808 - 0251
Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais V. 1 No 1 Jan/Jun. 2005
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INTRODUÇÃO
A Azaléia mais cultivada no Brasil é da espécie Rhododendron indicum e
seus híbridos, de flores arroxeadas, brancas ou róseas. Podem ser propagadas tanto
sexuada quanto assexuadamente. A propagação sexual é feita em programas de
melhoramento genético, quando se pretende obter novos híbridos. Em escala comercial a
mais utilizada é a propagação vegetativa, através de estacas, de cinco a sete centímetros
de comprimento.
A propagação vegetativa é o processo de divisão e diferenciação de células,
sem a participação de órgãos sexuais. É baseada na capacidade de regeneração de um
vegetal, ou seja, na obtenção de uma nova planta a partir de partes de outras já existentes.
A constituição genética de um indivíduo é mantida intacta nos seus descendentes, com o
uso da propagação assexuada (CASTRO et al., 1992, MARTINS & NADONLY, 1996).
Visando o aumento da percentagem de estacas enraizadas, a aceleração da
formação das raízes, aumento do número e qualidade das raízes formadas em cada estaca
e uniformidade no enraizamento, têm-se desenvolvido estruturas especiais para a
propagação e técnicas de aplicação de substâncias reguladoras de crescimento, tanto
naturais como sintéticas (CASTRO et al., 1992).
Hormônios são substâncias produzidas pelas plantas que em baixas
concentrações regulam seus processos fisiológicos. Usualmente eles se movem na planta
de um sítio de produção para um sítio de ação (MAHSTEDE, HABER, 1957 apud
CECILIO FILHO et al., 1993). Já reguladores de crescimento são substâncias sintéticas,
produzidas em laboratórios e não produzidas pelas plantas, mas que, quando aplicadas às
plantas, produzem efeitos semelhantes aos hormônios vegetais (FERRI, 1979).
Este experimento teve como objetivo avaliar o enraizamento de estacas de
Azaléia cultivar Terra Nova tratadas com ácido indol-butírico, com o uso ou não de gelatina
como fixador.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento com a cultura da Azaléia Rhododendron indicum – cultivar
Terra Nova – foi conduzido em casa de vegetação, no setor de Floricultura do
Departamento de Agronomia, da Universidade Estadual do Centro-Oeste. Estacas de
ponteiro de azaléia foram coletadas com cinco a sete centímetros de comprimento,
deixando-se em cada estaca dois pares de folhas. As estacas foram tratadas mergulhandoas
numa solução de hipoclorito de sódio a 1%, por cinco minutos.
O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualisado, com 20
estacas por parcela, seis tratamentos e 4 repetições. Foram estudadas três doses de
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Ácido Indol-Butírico (AIB) na presença ou não de um fixador (gelatina), sendo os
tratamentos avaliados 1,5 g AIB / L água, sem gelatina; 1,5 g AIB / L água, com gelatina;
2,0 g AIB / L água, sem gelatina; 2,0 g AIB / L água, com gelatina; 2,5 g AIB / L água, sem
gelatina; 2,5 g AIB / L água, com gelatina.
Foram preparadas soluções com 100 mL de água, misturando-se o AIB e o
fixador com o auxílio de um liquidificador. Todos os tratamentos foram colocados na
geladeira por 60 minutos para a geleificação. Após esse período as estacas foram
mergulhadas nas soluções testadas e imediatamente plantadas.
Utilizaram-se bandejas de isopor de 200 células, preenchidas com substrato
comercial à base de casca de etenos e vermiculita. As bandejas foram irrigadas
abundantemente e foi deixado o excesso de água drenar. Estacas foram mergulhadas nas
soluções testadas e plantadas a dois centímetros de profundidade. Na seqüência, as
bandejas foram envolvidas em uma camada de tecido não tecido (TNT) e em duas camadas
de plástico transparente.
Semanalmente fez-se avaliação visual do crescimento radicular das estacas,
para determinar o momento ideal da avaliação do ensaio. No final do experimento avaliouse
o comprimento das raízes, o volume do sistema radicular e o peso da matéria seca do
sistema radicular.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na característica comprimento do sistema radicular, o tratamento com 250
ppm de AIB na presença de fixador, mostrou os melhores resultados, apesar de não ser
significativamente diferente dos demais. O mesmo resultado foi observado quando se
avaliou o volume do sistema radicular. Quando foi utilizada a dose de 250 ppm da AIB na
presença de fixador, o volume de raízes foi superior. Também se pode observar que a
presença de fixador apresentou melhores resultados nas duas características acima citadas.
Com relação ao peso da matéria seca do sistema radicular, não foi observada diferença
entre dosagens utilizadas e o uso de fixador.
Não foram detectadas diferenças significativas para doses de Ácido Indol-
Butírico (AIB) e para o uso ou não de fixador para as características de enraizamento
avaliadas. Os resultados são de certa forma esperados em experimentos exploratórios
como esse, justificados aqui pelo reduzido volume de informações disponíveis,
especialmente nas condições brasileiras.
Em produções comerciais de Azaléia, normalmente faz-se a imersão das
estacas em solução contendo 200 ppm de AIB. De acordo com os dados obtidos nesse
experimento, pode-se recomendar a utilização de 150 ppm de AIB, sem prejuízo no
enraizamento, por se tratar da dosagem mais econômica.
SALVADOR, E. D.; JÚNIOR, J. L. F.; JADOSKI, S. O.; RESENDE, J. T. V.
Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais V. 1 No 1 Jan/Jun. 2005
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Tabela 1. Comprimento do sistema radicular (cm)
Nota: Medidas seguidas da mesma letra não diferem significamente, ao nível de 5%, Teste de Tukey
Tabela 2. Volume do sistema radicular (ml)
Nota: Medidas seguidas da mesma letra não diferem significamente, ao nível de 5%, Teste de Tukey
Tabela 3. Peso da matéria seca do sistema radicular (g)
Nota: Medidas seguidas da mesma letra não diferem significamente, ao nível de 5%, Teste de Tukey
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARENGA, A.A.; PAIVA, R. Propagação de espécies arbóreas, arbustivas e
herbáceas com potencial para recuperação de ambientes degradados e margens de
reservatórios hidrelétricos, ESAL, Lavras, 1994. 62p.
CASTRO, C.E.F.; SILVEIRA, R.B. de A.; PEREIRA, I.T. de M. Propagação de plantas
ornamentais, Manual de floricultura, UEM, Maringá, 1992. P. 53-79.
CECILIO FILHO, A.B., SOUZA, J.C.; ALVARENGA, A.A. Enraizamento de estacas,
ESAL, Lavras, 1993. 28 p.
FERRI, M.G. Fisiologia vegetal, EPU/USP, v. 2, São Paulo, 1979. 392 p.
MARTINS, S.S.; NADOLNY, M.C. Produção de mudas – Técnicas para reprodução de
espécies florestais pelos métodos sexuado e assexuado, Manual do Instrutor, Serviço nacional
de Aprendizado Rural, março de 1996, 18 p.
Doses de AIB Com fixador Sem fixador
150 ppm 3,14 a 3,00 a
200 ppm 3,39 a 3,27 a
250 ppm 3,55 a 3,32 a
Doses de AIB Com fixador Sem fixador
150 ppm 5,30 a 4,20 a
200 ppm 6,45 a 5,40 a
250 ppm 6,50 a 5,50 a
Doses de AIB Com fixador Sem fixador
150 ppm 0,20 a 0,20 a
200 ppm 0,30 a 0,26 a
250 ppm 0,25 a 0,29 a
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
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